De facto, a impossibilidade de chegar ao aluno, o insucesso de capturar o seu interesse para a aula, o fracasso de conquistar a sua atenção deixam-me defraudada na minha missão de educadora. E, ainda que possa haver razões, mais ou menos plausíveis, para que uma aula não corra tão bem, ou porque fizeram teste na hora anterior ou porque vão fazer teste na hora seguinte ou porque está a chover há dias e dias ou porque eu própria estou mais ausente desse esforço de proximidade pedagógica, considero que passa sempre por mim o ultrapassar essas questões e saber conquistá-los. Mas, com efeito, não é fácil. Se devemos procurar a pessoa que mora no aluno, não nos podemos esquecer da pessoa que também mora no professor. Resta-me então esperar que o dia seguinte seja melhor? Refletir sobre o que não correu tão bem e fazer por que corra melhor? Talvez, certamente. Mas aquela aula já passou, já teve a sua hora. E eu perdi-a!
A relação pedagógica desenvolve-se nesta ambivalência, por vezes, insustentável, de conquista ou de derrota, de vitória ou de fracasso, de sucesso ou de insucesso. E, por entre esta dualidade, há todo um mundo de oportunidades e de janelas sobre um outro mundo que ficam por abrir. Que responsabilidade tão grande, a nossa!
Paula Pessoa