Rápida, a noite. Rápida, a sombra. Rápida, a asfixia. Rápido, o desnorte. Rápido, o olhar turvo. Rápida, a respiração. Rápida, a taquicardia. O sobressalto. A agitação. A raiva contida. O ranger de dentes. A contração muscular.
Rápido, o fluir entrecortado do tempo. Rápida, a desagregação da esperança. Rápido, o adormecimento da vontade. Rápida, a anquilose. Rápido, o grito.
E rápida, a nítida sensação de que não possível este tempo. De que não é possível 'esta loucura', esta irresponsabilidade, este abismo, esta regressão. Este estado de sítio.
Precisamos de um suplemento de alento. De alma. De vontade. De exigência. De revolta, se necessário. Porque se esgotou a possibilidade de vivermos num imenso intervalo de não existirmos.
José Matias Alves