O professor como investigador das suas práticas (Stenhouse, 1987) ganha novos contornos e desafios na atualidade. Aceitando o repto lançado por Legendre (1983), as ciências da educação derrubaram as paredes dos gabinetes e penetraram no interior dos estabelecimentos de ensino – numa interligação entre investigadores ligados ao ensino superior, lideranças de topo e lideranças intermédias, projetos… Contudo, nos últimos anos são cada vez mais os professores dos ensinos básico e secundário que, a par com a docência, desenvolvem atividades de investigação no âmbito de especializações, mestrados e doutoramentos. Em simultâneo no quotidiano das escolas a burocracia aumenta diariamente retirando tempo à reflexão e concentração e leveza de espírito tão necessárias à criatividade e aplicação de novas propostas no terreno. Visionários, apelidam uns, lunáticos outros… todos aqueles que, não obstante a “loucura” do quotidiano, ainda ousam caminhar pelos sinuosos trilhos da investigação. Questões como “o que é que ganhas com isso?”; “com tanto que fazer ainda tens coragem para mais?”; “estás cansada? É normal, não te metas em investigações”…são frases recorrentes. Curiosamente, quem coloca as coisas nestes termos, esquece-se de uma premissa importante – cada um de nós tem o direito de fazer o que bem entende com o seu tempo de ócio – (cada vez mais escasso, é um facto)… Costumo responder em jeito de brincadeira que investigar é a minha ligação umbilical à profissão que escolhi por vocação….
Investigar obriga a uma atualização contínua e permanente; a uma busca incessante que fascina… a um desafio criativo que transportamos para a sala de aula… numa consentida ubiquidade professor/aluno … É fantástico sermos professores e continuarmos a ser alunos... Enquanto docente transporto para a sala de aula muito do que experiencio, aprendo e testo enquanto aluna. Em contrapartida, enquanto aluna retiro muito das minhas experiências e vivências enquanto docente… são duas faces da mesma moeda que se completam e dão novo alento ao meu quotidiano.
Reciclando o slogan:
Poderia ser professora sem estar ligada à investigação? Claro que poderia… mas… não seria a mesma coisa!...
Elvira Rodrigues