Uso, frequentemente, a metáfora da corda da viola para ilustrar a vida profissional dos educadores e professores: para tocar, de forma afinada, a corda tem de estar ‘sempre’ esticada. Não pode, por exemplo, a meio de uma aula, distender-se, dizer “agora vou só descansar 5 minutos e já volto”. É este o preço que se tem de pagar para produzir música (para gerar aprendizagens). Mas esta tensão permanente obriga a uma enorme capacidade de resiliência e, muitas vezes, há o risco da corda se partir. E aqui surge o esgotamento (o burnout) que pode ter graves consequências pessoais e profissionais.
É sabido que a docência é uma das profissões do humano (da relação humana) mais sujeita a este problema pela heterogeneidade do mundo escolar e pela multiplicidades dos apelos e dos desafios. E nós, sozinhos, podemos pouco, estamos muito mais expostos às dificuldades da ação e somos muito mais frágeis.
Também por isso, precisamos de um modelo de desenvolvimento profissional muito mais solidário, muito mais colaborativo. Precisamos de cooperar para a aprender (COPA), precisamos de uma unidade de ação que preserve a nossa autonomia individual mas a potencia numa autonomia e numa afirmação coletiva.
Muitos de nós ainda não viu esta possibilidade e esta oportunidade. Mas seria importante que a fosse vendo. Porque aqui reside um dos poucos caminhos de afirmação e gratificação profissional que nos restam.