Bombardeados por milhões de notícias, de imagens, de misérias. Na vida escolar, há a pressa de mudar de sala, de matéria, de cumprir um programa, quantas vezes inútil.
Às vezes a toque de campainha. A toque dos exames. Asfixiados pelo peso do absurdo. Deprimidos quando vemos o longo túnel onde vai estando aprisionada a nossa juventude.
O SPA a todos nos acelera. De algum modo, todos estamos a ser condenados à hiperactividade. A todos nos priva dos momentos de pausa e de uma pedagogia da lentidão que neste círculo
já reclamámos. A todos nos empobrece porque nos retira o tempo do olhar demorado, atento e terno. O tempo da emoção e da escuta.
O SPA a todos nos desumaniza. À velocidade da luz, aí está a escola virtual, o professor digital, o explicador sempre desperto e pronto a tirar todas as dúvidas padronizadas e pré-formatadas
(como se fosse possível prever todas as sinapses químicas). A escola dos sentimentos e das emoções, dos medos e das alegrias, dos tempos dos encontros parece tender a desaparecer face
à grande invasão.
Vivemos, há algum tempo, sem tecto entre ruínas. Precisamos de uma escola reinventada que seja uma casa de humanidade: que valorize a diferença, que integre e estimule, que promova a
auto-estima de todos, que acredite que todos podem aprender, que todos podem ter sucesso (ainda que diferenciado),
que tenha consciência de que não há conhecimento sem sujeito, que não há saber sem sabor.
Com o SPA na garganta (e na ponta dos dedos) é desta escola que tenho hoje saudade.
José Matias Alves