Na semana passada refleti, neste local, sobre as minhas (in) certezas sobre os exames nacionais. Hoje, depois de conhecidos os trágicos resultados dos mesmos, questiono-me sobre a utilidade/inutilidade desta informação.
Mesmo em tempo de crise económica pululam comissões e assessorias para uma imensidão de assuntos irrelevantes. Sendo a educação o eterno parente pobre da governação pública poderíamos esperar pelo menos o anúncio de um grupo de trabalho, não com peritos estrangeiros ou advogados pagos a peso de ouro como acontece em outros ministérios, mas com a “prata da casa”, professores com conhecimento compósito, que lecionam os anos com exame nacional para que, com propriedade, possam explicar aos “deseduqueses” que a ineficácia e ineficiência de medidas economicistas são autofágicas da sua própria finalidade. Ou que como diria qualquer cidadão, não letrado mas sensato, são do tipo “ Poupa no farelo…estraga na farinha”.
Que se poupe nos apoios pedagógicos, que se poupe aumentando os alunos por turma, que se poupe reduzindo currículos, que se poupe nas atividades formativas, na investigação identifica, nos técnicos especializados ……eletricidade ou papel higiénico... Que se gastem os sonhos dos jovens para que acordem e emigrem, que se desgastem os pais para que desistam da educação dos filhos, que se desperdice a educação para que deixe de ser prioritária, que se maltratem os professores, para que desistam.
Não haverá grupos de investigação para conhecer a causa dos maus resultados dos exames, porque até o Sr. Abílio, que foi jovem no tempo em que a educação era um pormenor técnico e por isso não sabe ler nem escrever, poderia responder: ou os exames são uma lotaria que só recompensa quem tira a sorte grande ou não existem condições efetivas para preparar os alunos de uma forma adequada para que possam estar preparados para o mais retorcido processo de exames ou é o próprio processo de exames que deve ser repensado, reequacionado, reformulado, talvez mesmo reorientado.
Já ouvi a muitos defensores dos exames nacionais que até o fracasso é pedagógico e que a frustração de ver o conhecimento adquirido e o esforço despendido num processo contínuo de um ciclo de aprendizagem, derrotado por um momento de pior desempenho, muitas vezes motivado pelo nervosismo induzido e alimentado artificialmente (até pelos próprios professores) é uma aprendizagem para a vida. Então eu pergunto-me: se o fracasso é pedagógico quendo será que o Ministério da Educação (seja qual for a cor)aprende com os erros?
Fica-nos o consolo de que se a frustração enrijece, os professores têm a profissão mais sólida do mundo……
Ana Paula Silva