i) Natureza moral do trabalho que realiza, dado o carácter obrigatório e involuntário da frequência escolar e o estatuto de menoridade intelectual, afetiva e cívica, o que coloca os estudantes numa situação de dependência face aos professores, daqui emergindo o imperativo e a obrigação moral de a todos educar;
ii) Alto nível de formação, autonomia e trabalho individual dos professores, configurando-se uma prática singular, escassamente interativa e que escapa à orientação e controlo da autoridade e dos pares;
iii) Vulnerabilidade face às exigências dos contextos legal, familiar, social que
faz com que o trabalho educativo seja marcado pela ambiguidade, imprevisibilidade e incerteza;
iv) Existência de uma estrutura hierárquica de autoridade, mas onde podem coexistir várias autoridades, poderes e contrapoderes e outras estruturas geradas pelas interações humanas;.
v) Subordinação formal ao cumprimento de objetivos pré-determinados a nível
das instâncias centrais, mas criação e cumprimento de outros objetivos e
funções não previamente consignados;
vi) Pluralidade e antagonismo de valores, interesses, preferências, inconsistência e/ou ambiguidade de objetivos quer supra, quer intradeterminados;
vii) Divisão e hierarquização do trabalho;
viii) Decisões e comportamentos ora determinados por regras e regulamentos heterónomos ora pelos múltiplos interesses em presença e pelas negociações e alianças estabelecidas entre os atores da organização;
ix) Participação fluída, convergente e divergente, formal e “anárquica”;
x) Tipos de liderança múltiplos e pluri-referencializados.
É neste quadro teórico sumariamente apresentado que é decisivo procurar intervir nos programas de melhoria em curso nas escolas.
José Matias Alves