“ Tener un lugar a dónde ir se llama HOGAR.Tener personas a quienes amar se llama FAMILIA e tener ambas se llama BENDICIÓN” Papa Francisco
Nas sábias palavras do Papa Francisco que introduzem esta reflexão percebemos duas coisas: devemos aspirar a ser completos quando se fala em felicidade e, mais importante, são as coisas simples (a que a proximidade e a “garantia” vão desvanecendo o valor), que efetivamente são os tesouros que a vida nos oferece e não todos os outros que procuramos.
Roubando a essência deste pensamento podemos dizer: “ um local motivador e aprazível para aprender chama-se ESCOLA. Alguém dedicado, sempre disponível para ensinar e aprender chama-se PROFESSOR. Ter ambas as coisas chama-se BÊNÇÃO.” Uma bênção que louva uma dedicação humana, que torna bendita a missão de ensinar.
Vai começar um novo ano. Em tempos de austeridade ousemos ser “mãos largas” no que desejamos para a educação em Portugal. Exijamos tudo: Boas escolas, bons professores e uma tutela que perceba que já tem, em muitos casos, estas duas condições reunidas e saiba potenciar isso para construir outras “ famílias escolares”.
Porque a verdade não deve ser procurada nos egos de quem pensa que sabe tudo, mas na humildade de quem reconhece o muito que já se conquistou e como isso são os alicerces do muito que pode ainda ser conquistado.
A verdade, a essência das pessoas e das coisas, está na simplicidade da sua natureza e deve ser procurada, mais, deve ser “des-velada” para que a própria vida faça sentido.
Sócrates, pelas letras de Platão, mostrou-nos que a principal missão da educação não deve ser definida pelo que se ensina mas pela razão que sustenta a sua importância. Ensina-se para quê?
Sócrates ensinava para a virtude. Uma virtude revolucionária, pois procurava a excelência ética no pensamento crítico (sobretudo autocritico), na capacidade de deliberar pela razão que sobrevive depois de desdenhado o egocentrismo intelectual daqueles que pensam que já sabem tudo. A sabedoria não reside no contentamento cristalizado de certezas inquestionáveis mas na procura de conhecer mais e melhor e sobretudo partilhar o que se conquista com quem está disposto a embarcar nessa procura.
Com o método socrático foi legada a lição maior da prática pedagógica: o professor não transmite pensamentos, não ensina pensamentos, ensina a inquietude intelectual, ensina a pensar, ensina cada um a viajar ao interior de si e procurar as suas verdades. O professor não indica metas, ajuda a encontrar caminhos e sobretudo capacita os alunos para o autoquestionamento:” para onde e por onde quero ir?”. Depois de encontrar estas respostas os alunos estão prontos para usar todas as disciplinas curriculares (ou não) como alicerces para a construção de uma carreira. Pois só assim tudo fará sentido. E isto prepara-se em qualquer idade, em qualquer grau de ensino. É importante que as crianças percebam a importância do conhecimento, antes que ele se transforme em …transpiração ”. A escola que é apresentada às crianças como um dever dificilmente cativa para a…” inspiração”, para o prazer da procura e da conquista.
Porque se a escola é o LAR do conhecimento e os professores e os alunos a FAMÍLIA aprendente, a máxima aspiração para a educação em 2014 é que sejamos todos capazes de fazer deste LAR um local de compromisso, entreajuda e afeto. Então seremos todos abençoados pela alegria do trabalho bem feito.
Ana Paula Silva