Começámos por fazer um levantamento de práticas de promoção do sucesso nas diversas escolas ali representadas. A tendência, numa primeira fase, foi para a identificação dos entraves (vários e de vária ordem…), à promoção do sucesso nas nossas escolas. E foi bom. Porque estes entraves existem. E é preciso verbalizá-los. Para melhor os percebermos. E para encontrarmos caminhos que, não obstante, seja ainda possível trilhar.
Em seguida, partindo da realidade das escolas, foram-se abrindo janelas que nos permitiram olhar o (in)sucesso escolar de vários prismas.
De tudo o que foi dito, refletido, debatido, foi possível concluir que o (in)sucesso se joga nos vários níveis da hipercomplexa organização que é a escola. Joga-se, desde logo, ao nível das políticas educativas, quantas vezes insensatas e surdas às vozes de quem, diariamente, se confronta com o absurdo de um “mundo do sistema” (tecnicista e burocrático), que parece querer colonizar “o mundo da vida”.
Mas joga-se, também, ao nível da gramática organizacional e dos interesses e racionalidades vários que coexistem, conflituam, e explicam muito do que nas escolas se passa (ou não se passa…).
Joga-se em variáveis organizacionais como as lideranças, a forma de agrupar os alunos, o modo de gerir os tempos e os espaços de aprendizagem. Joga-se nas culturas profissionais que se criam e se alimentam (ou se destroem…). Joga-se nas redes (internas e externas) que é possível tecer e no apoio e pressão que daí advêm.
E joga-se, por fim, na sala de aula, na relação pedagógica que se estabelece, nas estratégias de ensino que se mobilizam, no clima de aprendizagem que se cria e nas práticas de avaliação que se desenvolvem.
Joga-se, enfim, nos ínfimos detalhes de que é feita a vida na escola. E joga-se, sem dúvida, na capacidade de pensarmos estas questões de forma sistemática, produzindo conhecimento empírica e teoricamente fundamentado e ligando as nossas inteligências em ação, colocando-as ao serviço das aprendizagens. Dos alunos, mas não só. Também nossas. E das nossas escolas.
Ilídia Cabral