Os seres humanos não podem sobreviver
sem aprender (Perrenoud). Por isso
a aprendizagem tem de ser um processo
permanente, ao longo da vida. Complexo,
frágil, imprevisto. E, no entanto, há algumas
verdades que importa ter presente
para que a aprendizagem (as aprendizagens)
possa existir.
Aprender é desejar. Sem desejo, sem
vontade, dificilmente pode haver aprendizagem.
E este é um drama que muitas
vezes ocorre nas nossas aulas, o de
ensinar a quem não quer aprender. Daí
que uma das primeiras e fundamentais
tarefas do educador é desafiar o outro,
é acender o desejo de saber, é estimular,
motivar. Mostrando o sentido, desenhando
situações de implicação, explicitando
a empregabilidade pessoal e
social dos conteúdos que se querem
“transmitir”.
Aprender é perseverar. Sem esforço, repetição,
continuidade, a aprendizagem é
problemática. Daí a necessidade de uma
postura perseverante que obriga a uma
disciplina interior.
Aprender é construir. O saber não pode
ser transmitido, o saber não pode ser
vertido na cabeça do educando. Para haver
aprendizagem tem de haver uma implicação
pessoal, tem de haver uma construção,
uma reconstrução, mesmo quando
o método passa pela lição magistral. E para
construir, muitas vezes é preciso desconstruir.
As falsas certezas, as visões deformadas,
os preconceitos.
Aprender é interagir. Com os saberes,
com os outros aprendentes, com os mediadores,
com desafios, com situações problema.
Aprender é sempre interagir.
Aprender é enfrentar riscos. O risco do
erro, do fracasso, do abandono. Aprender
é enfrentar situações de desequilíbrio,
de perda, de naufrágio. E procurar sempre
recomeçar.
Aprender é mudar. De hábitos, de rotinas,
de saberes, de visões, de lentes.
José Matias Alves