Finalmente vi concluído o meu maior desafio profissional de 2014-2015. Terminaram as minhas aulas com a turma CEF que me foi atribuída. Agora é tempo de saírem para a Formação em Contexto de Trabalho.
Que saibam honrar a sua escola, os seus professores e a eles próprios como pessoas é o meu voto de confiança.
Foi um longo caminho. Na contabilidade do êxito conseguido o saldo é positivo. Creio que os alunos que encontrei na primeira aula e que provocaram um certo arrepio na minha “ coluna profissional”, aquela que me faz sempre aceitar este tipo de desafios de corpo ereto e cabeça erguida, saíram para o seu estágio mais conhecedores, melhores pessoas. E este é o valor acrescentado da escola que nunca nenhum ranking conseguirá ofuscar.
Houve dias melhores, dias piores. Dias não, em que mais cansada, a minha tolerância e assertividade em relação à inércia e à má vontade de alguns alunos em responderem positivamente às tarefas propostas, era quase molecular. Dias sim, em que nem isso conseguia vencer o meu entusiasmo em tentar fazer coisas diferentes e inovadoras. E assim fomos conquistando dias mais claros.
Coerente com o que sempre defendi nas estruturas de supervisão pedagógica que coordeno ou em que participo, avaliei estes alunos combinando os resultados do percurso da sua aprendizagem na disciplina com o desenvolvimento do seu processo de melhoria cívica e atitude aprendiz, sendo que esta foi uma parte muito significativa da classificação global.
No final da última aula um aluno que, no início do ano, me apresentaram com a reputação de indisciplinado, preguiçoso e sobretudo “respondão” (de imediato percebi que fazia jus aos seus atributos) com quem tive algumas fricções nas primeiras aulas até encontrarmos pontes comunicacionais que lhe permitiram refletir sobre o seu modo de estar na sala de aula, participando e aprendendo, esperou que os seus colegas saíssem e falou comigo:
- Obrigada pela “nota” que me “deu” stora. Nunca pensei um dia ter uma “nota” destas.
- Não me agradeças pois eu não poderia “dar” o que não é meu. A classificação é tua. Conquistaste-a.
Olha para trás e vê como mudaste. Vê como cresceste como pessoa. Sobretudo percebe como podes ser ainda muito melhor- respondi.
- Espero ser seu aluno, para o ano, em Área de Integração. Vou matricular-me no 10ºano do Profissional. E agora ainda vou participar ainda mais.
- Claro. Se continuares assim interventivo ainda acabas na politica-brinquei.
- Pois, mas acho que os políticos é precisavam de ir para a escola estudar “Área de Integração”. Para se integrarem mais na realidade …. disse , entrando na brincadeira.
Sorri, desejei-lhe um bom estágio e pensei: neste aluno e na luta de todos os dias a escola venceu. Transformou um aluno “indiferente “ e está a ganhar para a “polis” um cidadão atento.
E então sonhei: “talvez um dia a escola consiga também ensinar a “aretê”, a procura da excelência que transforma a atenção pela coisa pública em virtudes de servidor social. Então a escola formará jovens para que sejam os políticos que todos desejamos. Mesmo que comecem num curso CEF”.